Raiva: zoonose atinge animais e humanos
A raiva é uma das doenças mais conhecidas em animais de estimação e de produção, e como pode ser transmitida para o homem, é considerada uma zoonose.
Quase erradicada, a doença é causada por um vírus que pode acometer todos os mamíferos, como pondera a Médica-Veterinária e Responsável Técnica pelo Laboratório de Diagnóstico da Raiva do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (IDAF) Karina Miranda Marinho.
“No grupo caracterizado como animais domésticos, temos o cão e o gato, como potenciais transmissores da doença quando infectados, e no grupo dos animais silvestres temos os morcegos desenvolvendo este papel, principalmente mantendo a circulação do vírus nas áreas rural e silvestre. Eles também mantêm a circulação viral na área urbana, pois existem também morcegos que vivem nesta área’, destaca.
A doença pode se manifestar de diferentes formas, como pondera Karina. “Podemos dizer que o vírus da raiva pode ser classificado em dois tipos: a que é transmitida por cão e gato, levando a uma raiva conhecida como furiosa – o animal fica mais agressivo – e a que é transmitida por morcegos, que é conhecida como paralítica ou silenciosa – o animal tem como sintoma principalmente a paralisia dos membros”, diz.
A infecção ocorre através do contato da saliva do animal infectado com outro sadio, geralmente provocado por uma mordida ou arranhão do animal. O vírus afeta o Sistema Nervoso Central, o que desencadeia sintomas como alteração de comportamento, agressividade, salivação, falta de coordenação motora por paralisia dos músculos dos membros e perda de apetite, podendo levar o animal a óbito.
Raiva em humanos
Os humanos também podem contrair a doença da mesma forma que os animais, e alguns sintomas são similares. “Um sintoma bem conhecido no ser humano e de alta divulgação é chamado hidrofobia, devido a incapacidade de deglutição que o vírus causa. O paciente tem sede, mas os músculos da deglutição causam espasmos, assim ele não consegue beber água. Mas o ser humano também pode apresentar salivação intensa e paralisia dos membros.
A vacinação, dos animais de companhia e de produção, é a melhor forma de prevenção. Caso um animal apresente sintomas compatíveis com a doença, o tutor não deve tentar manipular o animal, pois ele estará com comportamento mais agressivo, de acordo com Karina. É importante procurar um médico-veterinário e entrar em contato com a Vigilância ambiental ou o Centro de Controle de Zoonoses do seu município.
“Vale lembrar que o morcego também pode estar infectado com o vírus rábico, por este motivo, se encontrar algum morcego caído no chão na rua, calçada ou dentro de suas residências, é importante entrar em contato com estes serviços”, reforça.
Ao ser mordido por um cão, gato ou ter contato com algum outro animal suspeito é importante procurar o serviço de saúde mais próximo para que a equipe médica defina a conduta que será necessária, como por exemplo o uso de vacina e soro.
“Existe tratamento baseado em uso de antivirais e indução do paciente ao coma, porém os casos de cura no mundo inteiro, em toda história da doença, não passam de cinco. Nos animais não existe tratamento quando eles já estão doentes. O animal infectado vai a óbito em torno de três a sete dias, após o início dos sintomas”, ressalta a médica-veterinária Karina Miranda Marinho.