Prótese para membro de equino é desenvolvida por médico-veterinário em Colatina (ES)
Por conta de uma grave lesão no membro pélvico esquerdo, uma potra teve de ser amputada e ganhou uma prótese para continuar a viver. A prótese foi desenvolvida no município de Colatina (ES) pelo estudante deMedicina Veterinária Rodrigo Ramos Zandomenico, juntamente com o professor e Médico-Veterinário Dr. Diogo Rondon.
"Tinhamos duas saídas: ou faziamos a amputação ou faziamos o procedimento de eutanásia. Mesmo sabendo que, muitas das vezes, os resultados podem ser frustrantes, optamos pela vida do animal", disse Rondon, que é especialista em clínica e cirurgia de equinos.
Confira a entrevista completa com ele:
1) Em situações normais, a potra que sofreu a lesão e foi amputada passaria por eutanásia. Por que o processo é este?
Geralmente, em casos de lesões graves ou gravíssimas, como foi o caso desta potra, a eutanásia é a primeira opção por vários motivos. A amputação em equinos ainda é algo muito discutido e divergente por conta de vários fatores individuais da espécie.
Isso porque animais de outras espécies, como cães e gatos, normalmente se adaptam com facilidade. Já os equinos têm uma certa dificuldade ao se adaptar a esta condição e isso se dá por fatores anatômicos, fisiológicos, comportamentais etc.
Outro fator importante a se comentar é relacionado a sobrecarga nos membros que permanecem após a amputaçao, eles vão sofrer. Assim, temos mais risco de tendinite, laminite, problemas na coluna e uma serie de outras lesões que comprometem o animal sensivelmente.
2) Como foi desenvolvida a prótese? Fale um pouco sobre o tempo que demorou e o processo desde a amputação até a prótese ficar pronta. Houve testes? Se inspiraram em algum caso? Como foi o processo?
Na maioria das vezes as próteses ou eram muito fracas ou muito pesadas, então agora utilizamos um novo material, que é o alumínio associado a fibra de vidro, e por ser um material leve com uma resistência satisfatória, acreditamos nele.
3) Como está sendo a adaptação do animal?
Ela tem se adaptado bem, tem alguns momentos em que temos que estar atentos e acompanhando de perto. Ela esta no hospital este tempo todo e as vezes sente um pouco de dor, as vezes passa o dia mais deitada ou apoia no próprio membro… a gente está observando e tendo a atenção.
4) Você acredita que esta ideia pode ser colocada em prática em outro equinos daqui para frente?
Com certeza, no que se refere a próximos pacientes com indicação de eutanásia nós vamos tentar. Acho que isso é importante ate para a classe dos Médicos-Veterinários para estarmos estudando e estimulando isso.
Estamos recebendo um feedback muito positivo e fomos procurados por proprietários, criadores e outros veterinários que estão com situações parecidas e não querem ter que eutanasear seus animais.
É preciso estimular mais estudos nesse segmento.