Pets auxiliam crianças com trissomia do cromossomo 21 (síndrome de down)
A companhia de cães e gatos pode ser muito benéfica para a saúde e bem-estar dos seres humanos e na terapia de crianças com Síndrome de Down o efeito não é diferente. Segundo a Médica-Veterinária e professora Dra. Fernanda De Toledo Vieira, a Terapia Assistida Por Animais (TAA) é utilizada como instrumento em diversos tratamentos de pacientes com necessidades específicas.
“O objetivo é promover saúde emocional, física, social e cognitiva, sendo o animal o principal agente da terapia, que funciona como ponte de ligação entre o terapeuta e o paciente”, explica Fernanda, que coordena o projeto Animais Terapeutas na Universidade Vila Velha (UVV). Assim, os tratamentos podem tornar-se mais atraentes e leves para os pequenos.
O tratamento é altamente eficaz com crianças por conta da diversão em forma de terapia. Crianças com Síndrome de Down estão acostumadas com rotinas de exames e terapias para manter a qualidade de vida, mas a terapia com pets é vista como um momento de descontração. A maioria das crianças tem facilidade de adaptação.
Os animais são o diferencial do tratamento, e por isso necessitam de uma atenção especial. Antes de serem inseridos no ambiente junto às crianças, os cães e gatos precisam passar por uma avaliação que inclui tanto um Médico-Veterinário, quanto o responsável pela terapia, e precisam ter tutores cuidadosos.
O ambiente se torna tão lúdico na presença dos animais, que as crianças interpretam aquilo como uma brincadeira, tornando o momento mais leve, já que a agenda dessas crianças é muito intensa
Confira uma entrevista com a Dra. Fernanda De Toledo Vieira sobre o tema.
1) Como funciona o processo de adaptação da criança com os animais?
A maior parte das crianças tem muita facilidade de adaptação com os animais. Eles geralmente são carismáticos e receptivos, portanto acabam atraindo os olhos das crianças no primeiro momento, mas claro, existem algumas que tem mais resistência e elas aos poucos vão se acostumando.
2) Esses animais têm donos ou são de algum abrigo? E como eles são selecionados?
Esses animais têm tutores, não são de abrigos. A seleção é feita por um educador de cães, pois eles precisam ter comportamento adequado e conviver bem com outros animais e com crianças. Precisam tolerar o toque e as brincadeiras das crianças, se adaptar ao ambiente e aos equipamentos que são utilizados durante as terapias.
3) De que forma é feito o processo terapêutico com o auxílio dos animais? Quais são as interações e como é possível perceber o avanço da terapia?
Durante as terapias os animais atuam ativamente. São trabalhados exercícios de coordenação motora fina, principalmente ao escovar o cão e colocar presilhas na pelagem, por exemplo. São trabalhadas as diferentes texturas do pelo do animal justamente para dessensibilizar as crianças sensíveis aos estímulos do toque.
A presença do cão estimula o desenvolvimento da linguagem da criança, pois algumas tem dificuldade. Por isso, elas conseguem, por exemplo, falar o nome dos animais. A percepção de cores e tamanhos dos animais é estimulada: cão branco, marrom ou amarelo, cães grandes e pequenos, por exemplo.
4) O que mais chama atenção nesse processo?
Uma das coisas que mais nos marca quando fazemos esse trabalho é que o ambiente se torna tão lúdico na presença dos animais, que as crianças interpretam aquilo como uma brincadeira. O momento se torna mais leve, já que a agenda dessas crianças é intensa. A presença dos animais torna aquele momento mais produtivo e faz com que elas aprendam bastante, mesmo brincando.