O Médico-Veterinário na inspeção e fiscalização do pescado: da pesca/produção até a sua mesa
Todos sabem que durante a Semana Santa e, em especial na sexta feira da paixão, por uma tradição religiosa, o consumo de pescado aumenta bastante, mas o que nem todo mundo sabe é que para garantir a qualidade do pescado que chega a sua mesa, um profissional é essencial: o Médico Veterinário (MV).
Pesquisas têm relatado benefícios do consumo de pescado, tais como redução do risco de doenças cardíacas, artrite, psoríase e trombose, além de ação anti-inflamatória graças à presença de ácidos graxos poli-insaturados em sua composição. A carne de pescado é rica também em proteínas de alto valor biológico e possui reduzido teor de gordura.
Apesar de ser considerado um alimento muito nutritivo, o pescado pode albergar parasitas e micro-organismos nocivos à saúde do homem.
Recentemente tivemos relatos em Salvador (BA) e Recife (PE) de casos da Doença de Haff, que foram associados ao consumo de pescado e/ou crustáceos sem conservação adequada.
Por Lei, a inspeção e a fiscalização sob o ponto de vista sanitário de fábricas de pescado, e de um modo geral, de todos os produtos de origem animal (POA) nos locais de produção, manipulação, armazenagem e comercialização é atividade privativa do Médico-Veterinário, porém mais do que isso, por toda a sua formação, ele é o profissional mais preparado para garantir a segurança alimentar da população quando se trata de produtos de origem animal (POA).
Para assegurar um produto de qualidade, o pescado é inspecionado desde a produção, captura, beneficiamento na indústria, passando pelo armazenamento, transporte chegando até a fiscalização pela vigilância sanitária no comércio e, o MV está envolvido em todas as etapas do processo.
Ao adquirir pescado congelado, o consumidor precisa verificar se a embalagem possui selo de algum serviço de inspeção (SIM, SIE, SIF, SISBI ou equivalente) que deve estar visível no invólucro, data em que foi embalada, validade e se a temperatura de armazenamento descrita na embalagem está sendo respeitada.
No caso do peixe fresco, para verificar se está em boas condições, o consumidor precisa olhar com muita atenção se a pele, escamas e olhos estão brilhantes, com tonalidade viva e ausência de muco espesso. Atentar ainda se as escamas estão bem aderidas, os olhos ocupando toda a órbita e se estão salientes, as brânquias úmidas e avermelhadas, a carne firme e elástica, e o odor suave e característico. O peixe fresco deve estar conservado em baixa temperatura e é importante atentar para a quantidade de gelo no balcão de venda que deve ser sempre abundante.
Outras dicas importantes: na hora de escolher o estabelecimento onde comprar o pescado o consumidor precisa reparar na limpeza e organização do ambiente, na higiene dos atendentes, e escolher estabelecimentos que tenham alvará sanitário e que já comercializem este tipo de produto. Procurar também adquirir os alimentos refrigerados e congelados sempre no final das compras.
No caso do Bacalhau, tradicionalmente usado na preparação da Torta Capixaba, algumas características particulares devem ser observadas pelo consumidor no momento da compra. O bacalhau deve apresentar a superfície seca, não pode estar pegajoso, não deve ter manchas rosadas ou vermelhas e nem com limosidade ou bolor.
Comprando pescado com procedência e, portanto, inspecionado/fiscalizado por um Médico-Veterinário, sua família está mais segura.
E ao sair para comprar lembre-se das medidas de distanciamento, higiene e uso de máscara.
Boa Páscoa.
Autor: Marco Rocha, Médico-Veterinário