CRMV-ES realiza webinar sobre o panorama epidemiológico da raiva no Brasil
O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Espírito Santo (CRMV-ES) promoveu, na última quarta-feira (02/10) um webinar sobre o “Panorama Epidemiológico da Raiva no Brasil”, através da Comissão Técnica de Saúde Única, em homenagem ao dia mundial de contra a raiva, comemorado dia 28 de setembro.
O evento contou com a participação da Drª Silene Manrique Rocha, médica-veterinária, especialista em saúde pública.
Graduada pela Universidade Federal do Mato Grosso, possui mestrado e doutorado em Saúde Animal pela Universidade de Brasília e atua como consultora técnica da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), no GT-Raiva do Ministério da Saúde.
A raiva é uma doença viral grave que afeta o sistema nervoso central e pode ser transmitida pela mordida de animais infectados, como morcegos, primatas (ex: saguis) e outros animais silvestres. Os cães, gatos e animais de produção como bovinos e equinos também podem transmitir a doença.
No Brasil, a raiva é um problema de saúde pública, especialmente em áreas rurais, onde o contato entre humanos e animais silvestres é mais frequente.
Historicamente, o Brasil implementou programas de vacinação e controle de animais, especialmente cães e gatos, para reduzir a incidência da doença.
Apesar dos avanços, casos isolados ainda ocorrem; isso mostra a importância de manter uma vigilância contínua, a população informada quanto aos sintomas da doença, a necessidade de vacinar seus animais e evitar contados com animais suspeitos.
A raiva é uma zoonose causada por um vírus que infecta animais domésticos e silvestres, podendo ser transmitida às pessoas pelo contato com a saliva infectada ou através de mordidas e arranhões.
Os cães são os principais transmissores da raiva no mundo, e a doença pode ser fatal em quase 100% dos casos”, alertou Silene.
Embora o Brasil tenha avançado significativamente no combate à raiva desde 1973, o desafio persiste, exigindo um esforço conjunto entre autoridades e profissionais de saúde, destacando a importância do médico-veterinários nesse contexto bem como a participação da população para garantir a proteção contra essa doença potencialmente fatal.
Silene destacou que, atualmente, morcegos não hematófagos são os principais transmissores da raiva nas áreas urbanas; saguis, raposas e canídeos silvestres tem um papel importante na transmissão das áreas rurais.
Ela mostrou que a raiva possui os ciclos de manutenção pelas vias rural, aérea, urbana e silvestre. “O ciclo da raiva no Brasil apresenta características distintas, com a transmissão dividida em ciclos silvestres, urbanos e rurais. Enquanto a Organização Mundial da Saúde destaca a raiva urbana transmitida por cães e gatos, o Brasil observa variantes específicas em sua dinâmica epidemiológica”, esclareceu.
O médico veterinário e presidente da Comissão Técnica de Saúde, Adilson Arimatéa Rosa, parabenizou a palestrante pela discussão de um tema tão relevante para a saúde pública. “Agradeço a Silene pela palestra maravilhosa.Discutir a raiva é essencial, pois representa um sério risco à saúde pública. Como veterinários, temos a responsabilidade de promover a vacinação dos animais e conscientizar a população sobre os riscos associados”, enfatizou.
Durante o evento, foram abordados os principais aspectos epidemiológicos da raiva, incluindo estratégias de prevenção e o papel vital dos profissionais de saúde e médicos-veterinários no combate a essa zoonose.
O evento foi gratuito e aberto ao público, proporcionando uma importante oportunidade para atualização sobre esse tema relevante para a saúde coletiva e a medicina veterinária.
O CRMV-ES alerta que em caso de agressões por animais (como por exemplo mordidas/arranhões), a população deve sempre procurar o serviço de saúde mais próximo, para que a equipe médica avalie a necessidade de intervenção com profilaxia ou não.
Lembramos ainda que os médicos-veterinários devem realizar a profilaxia pré-exposição, por se enquadrarem no grupo de risco de exposição permanente ao vírus da raiva.