CRMV-ES notifica Águia Branca quanto à obrigatoriedade de sedação para transporte de animais
O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Espírito Santo (CRMV-ES) encaminhou um ofício formal à empresa Águia Branca, a fim de que revise seu posicionamento quanto aos requisitos inerentes ao transporte de animais domésticos, especialmente, quanto à exigência de sedação de animais sob pena de impedimento de embarque e trânsito.
Conforme o parecer da Comissão Técnica de Bem-Estar Animal (COBEA), a administração de sedativos exige acompanhamento e indicação de profissionais médicos veterinário, tendo em vista o potencial risco que esses medicamentos oferecem aos animais.
Ainda, a sedação deve ser considerada desde que tenham sido esgotadas outras possibilidades para tranquilização do animal durante o translado, bem como o consentimento do tutor do animal.
A depender da saúde do animal, os sedativos podem desencadear efeitos adversos, promovendo hipotermia, alterações na oxigenação, alterações na pressão arterial, arritmias e parada cardiorespiratória, por exemplo.
Destarte, a determinação de sedação pela viação não pode ser utilizada de forma abrangente, posto que nem todos os animais estão aptos a serem sedados por longos percursos, tampouco receberem múltiplas doses de acordo com o tempo de ação do fármaco e tempo de viagem.
Portanto, a obrigatoriedade de sedação é incondizente com o bem-estar animal, uma vez que expõe o animal a um risco descabido.
A presidente da Comissão Técnica de Bem-Estar Animal (COBEA), a médica veterinária Juliana Tozzi, reconhece a liberdade e direito empresarial por decidir querer ou não transportar animais em seus veículos, no entanto, repudia tal recomendação, pois além de questionável, é totalmente inadequada e indevida na maneira generalizada como foi exigida.
“Compromete o bem-estar do animal e impõe riscos à sua saúde, uma vez que durante a viagem, não haverá a garantia da presença de nenhum profissional médico-veterinário, capaz de supervisionar e monitorar a sedação do animal medicado durante todo o trajeto ou até mesmo por longos períodos”, salienta.
Em vez da sedação, o CRMV-ES recomenda alternativas mais seguras para reduzir o estresse dos animais, como a familiarização com a caixa de transporte, o uso de feromônios sintéticos, fitoterápicos ou medicamentos homeopáticos, sempre sob prescrição de um médico-veterinário.
Além disso, é importante que a empresa informe os clientes sobre os pontos de parada e o intervalo entre elas para permitir que os animais possam se exercitar e fazer suas necessidades fisiológicas.
O ofício também enfatiza que o transporte de animais no bagageiro é inaceitável, independentemente do peso do animal, devido às condições inadequadas e não isoladas desses compartimentos.
Diante do exposto, o CRMV-ES reforça que tais práticas contrariam os princípios de bem-estar animal; recomenda que qualquer decisão sobre sedação seja feita com a orientação e prescrição do médico-veterinário responsável, e defende a necessidade de práticas seguras e adequadas para o transporte de animais, visando garantir a saúde e o conforto dos pets em todas as etapas do processo de viagem.