Cardiologista Veterinário: conheça o profissional que cuida do coração dos animais
Assim como na medicina humana, um cardiologista veterinário é o profissional habilitado habilitado em diagnosticar e tratar doenças cardíacas em animais. Essa especialidade engloba áreas específicas, como clínica, pesquisa, cirurgia e diagnóstico.
Para o Dia do Cardiologista (14 de agosto), o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Espírito Santo (CRMV-ES) entrevistou a Médica-Veterinária Laura Conti, que explicou um pouco sobre a atuação nesta área. Confira!
1. Como se tornar um Médico-Veterinário Cardiologista?
A procura pela especialização de cardiologia veterinária vem crescendo cada ano mais e existem já alguns cursos de pós graduação tanto stricto senso, como lato sensu direcionados para a área para que o Médico-Veterinário se especialize. Contudo, o médico veterinário especializado não pode sessar os estudos apenas com o curso de pós graduação, diante dos constantes avanços na área, há necessidade de sempre estar se atualizando com cursos teórico-práticos, palestras e congressos além do constante estudo de artigos publicados com novas perspectivas dentro da cardiologia veterinária.
Na Medicina Veterinária ainda temos algumas especialidades que não são reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), e recentemente a especialidade de Cardiologia Veterinária foi aprovada para iniciar a prova de títulos. Desta forma, a Sociedade Brasileira de Cardiologia Veterinária vem se preparando para abrir as inscrições e a aplicação da primeira prova de título para a especialidade de Cardiologia Veterinária.
2. Quais são as doenças do coração (cardiopatias) mais comuns em cães e gatos?
Cães e gatos podem ser acometidos por cardiopatias congênitas ou adquiridas, tendo as cardiopatias adquiridas com maior casuística.
A depender da idade e raça/porte, existem algumas cardiopatias mais comuns para os cães, como é o caso da doença degenerativa valvar (conhecida popularmente como endocardiose) nos cães de pequeno/médio porte e idosos. Em cães de porte maior, a cardiomiopatia dilatada é frequentemente diagnosticada, contudo evidências recentes têm demonstrado a ocorrência desta doença em cães de porte menor também. Apesar de ainda sem uma causa definida para esta nova manifestação, acredita-se que possam ter fatores alimentares associados nestas ocorrências.
Em gatos, observa-se com frequência os fenótipos de cardiomiopatias hipertrófica e restritiva, além do fenótipo não específico, quando a cardiomiopatia ainda não adquiriu características específicas dos fenótipos de cardiomiopatias já caracterizados para esta espécie. Algumas raças merecem maior atenção, pois podem apresentar predisposição genética para o fenótipo hipertrófica, como Maine Coon, Ragdoll e Persa.
3. Quando procurar um cardiologista para levar seu pet?
A tosse, dispneia, intolerância ao exercício, síncope e cianose, são, sem dúvida, os dos sinais clínicos mais comuns em pacientes com insuficiência cardíaca, independente da doença cardíaca de base. Contudo, não são sinais patognomônicos de doença cardíaca, podendo também serem observados em paciente com doenças respiratórias, por exemplo. Desta forma, todos os pacientes devem ter um bom acompanhamento clínico geral e que, ao ser identificado em anamnese sinais clínicos de possível insuficiência cardíaca e, associados a achados de exame físico, devem ser encaminhados para o médico veterinário especializado em cardiologia.
Diante da grande quantidade de pacientes caninos de pequeno porte no meio urbano e com a grande casuística de doença degenerativa valvar em cães idosos, recomenda-se avaliação cardiológica anual nestes pacientes a partir de 7 anos de idade.
Para os pacientes felinos, a recomendação é a realização de avaliação cardiológica anual, uma vez que a grande maioria dos gatos com cardiomiopatias são portadores silenciosos e acabam vindo a manifestar sinais clínicos quando a doença já sem encontra em estágio avançado.
Além disso, também se recomenda a avaliação cardiológica pelo médico veterinário especializado em pacientes que irão ser submetidos a procedimentos anestésicos, auxiliando o médico veterinário especializado em anestesia a entender a condição hemodinâmica ao qual o paciente se encontra.
4. Sobre a Dirofilariose (verme do coração), existe alguma forma de prevenção? E tratamento?
Sim, a Dirofilariose está cada vez mais presente na nossa rotina de atendimento aqui do estado, existe prevenção e, é bem simples, devendo ser instituída desde os 6 meses de idade. As formas de prevenção podem ser realizadas para administração da medicação por via oral (ex: ivermectina, milbemicina), transcutânea (ex: moxidectina, selamectina) e aplicação subcutânea (moxidectina), sendo a forma oral e transcutânea de frequência mensal (a cada 30 dias) e a aplicação subcutânea anual para pacientes adultos (a cada 12 meses) e, se administrada em cães com 6 meses, a dose deve ser repetida após 9 meses e em seguida inicia-se o protocolo para aplicação a cada 12 meses.
A não administração da medicação preventiva no período estipulado deixa o paciente sujeito a desenvolver a doença caso seja infectado. O uso de coleiras repelentes também auxilia para o paciente não ser infectado, contudo, não é uma forma eficaz de prevenção, sendo necessário a utilização de alguma lactona macrocíclica nesse protocolo de prevenção.
O tratamento da Dirofilariose é longo e sujeito a efeitos colaterais dos fármacos utilizados, assim como consequências do próprio parasita que está instalado no organismo do animal. No Brasil a medicação adulticida não é liberada para utilização, contudo, diversos estudos demonstraram o sinergismo dos fármacos doxiciclina e ivermectina ou doxicilina e moxidectina na promoção da morte dos parasitas ao longo de 2 anos ou mais de tratamento em contínuo e em ciclos. Em casos de grandes infestações parasitárias, com presença de filárias além da artéria pulmonar, mas também localizados no ventrículo e átrio direito, a remoção cirúrgica é recomendada. Contudo, deve-se atentar que a remoção cirúrgica não consegue acabar com as filárias presentes no paciente e, ainda deve ser associada a terapia medicamentosa para o tratamento.