A Suplementação Mineral para Bovinos – Introdução
A Suplementação Mineral para Bovinos – INTRODUÇÃO
O Agronegócio brasileiro vem recebendo grande destaque pela tamanha importância que representa em nosso cenário econômico. Citado na posse do novo presidente, em 01/01/2019, deve ter ainda maior destaque e apoio à partir de então. A pecuária tem extremo destaque neste agronegócio, em 2018, estimativas falam de um rebanho com aproximadamente 220 milhões de cabeças, mais de 35 bilhões de litros de leite produzidos e 1,8 milhões de toneladas de carne bovina exportadas, nossa contribuição junto a balança comercial é alta mas, ainda mais importante é a quantidade de segmentos que envolve e o número de empregos que gera o setor.
Se voltarmos a um passado não muito distante, lá pela década de 70, veríamos uma pecuária extensiva, não intensificada, presente em grandes áreas e de baixo custo. Um rebanho de Corte muito usado para realizar ocupação e abertura regional, na maioria das vezes, uma abre-alas para agricultura e que não apresentava grandes índices zootécnicos.
Ouvi muitas histórias sobre este período, histórias de desbravadores como o italiano Sr. Ivo Marega, que levantaram a bandeira da suplementação mineral, e que de forma corajosa, em seus jipes, faziam suas viagens técnicas/comerciais Brasil á fora. Estas viagens comumente perduravam meses, nelas eles tiravam seus pedidos para depois retornarem as fabricas, produzirem as encomendas e, ainda meses depois, enviar os suplementos minerais aos pecuaristas. As doenças carênciais, ocasionadas pelas limitações das forrageiras, traziam grandes perdas financeiras e eram um dos fatores limitantes para bons resultados em muitas regiões.
Neste cenário, a suplementação mineral focava, principalmente, em suprir as doenças carênciais regionais e em fornecer minerais concentrados, principalmente os Macrominerais Ca e P.
Os macro e micro minerais para bovinos
Este conceito já vem de longa data e nos traz a classificação dos minerais quanto a quantidade do elemento exigida pelo animal.
Embora raro, ainda encontramos situações carênciais causadas por ingestão aquém da exigência mineral mínima ou pelo desequilíbrio dos ingredientes no suplemento mineral fornecido, fruto das relações de antagonismo existentes entre os minerais, que indisponibilizam alguns elementos.
SUPLEMENTAÇÃO MINERAL, em dias atuais… Novos Desafios!
Atualmente o termo suplementação mineral não reflete exatamente sua riqueza técnica e seus desafios, creio que “SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL” englobaria melhor, conceitualmente, este tema tão abrangente e importante para a pecuária brasileira.
Os desafios da atual suplementação para bovinos, firmam olhares e metas ousadas em melhorar a eficiência alimentar, maximizar ganhos financeiros e zootécnicos, para garantir a realização do planejamento produtivo. Para alcançar e superar estes desafios é fundamental o conhecimento e domínio de informações básicas, de conceitos técnicos sobre minerais, de suas exigências, composição dos alimentos, classificação e avaliação dos suplementos.
Se pensarmos no corte, vários consultores, estimam um crescimento no consumo interno moderado e um crescimento forte nas exportações, na casa dos 20% em 2019, numa visão otimista, poderemos atingir 2 milhões de toneladas exportadas se tudo correr bem.
Se pensarmos no leite, segundo dados da CONAB de Dezembro de 2018, o Brasil é o 5º maior produtor de leite, respondendo por 7% da produção mundial, já no anuário de Leite 2018 da EMBRAPA-CNPGL, são mais de 35 bilhões de litros produzidos ao ano, uma produção média Brasil vaca/ano em 1.709 litros, enquanto Castro no Paraná, apresenta uma média de 7.478 litros, muito pra alavancarmos na média nacional!
Neste cenário, a suplementação foca, um planejamento e controle detalhado do ambiente ruminal, dominando não só as exigências minerais e suas interações, mas todas as formas possíveis de alavancar um melhor desempenho zootécnico e econômico. Fomentamos uma flora específica para o substrato em que ela deverá atuar. A adição, o uso consciente e responsável de enzimas, vitaminas, aminoácidos, óleos essenciais, leveduras e muitos outros aditivos, proporcionam uma enorme estabilidade digestiva, aumentando a atividade microbiana e a degradação ruminal.
Adiante, falaremos em separado sobre a Suplementação para Bovinos de Corte e para Bovinos de Leite, com maiores detalhes, destacando cada qual com suas fases e oportunidades. Neste momento vamos nos ater aos conceitos básicos que devem ser aplicados a ambos segmentos e que nos serão muito necessários.
Exigências nutricionais do animal e a Composição dos alimentos
Um primeiro passo é, sem dúvida, conhecer a exigência do animal que iremos suplementar, temos diferentes exigências para produção de leite ou carne, para a manutenção de um bezerra ou de um garrote.
Encontramos em diversas fontes, as informações sobre o que cada animal necessita para atender à sua mantença e também para atingir um determinado desempenho zootécnico seja ele o ganho de peso ou a produção de leite; podemos fazê-lo diretamente no NRC (National Academy of Cience) de corte ou de leite, em diversas tabelas de Exigências Nutricionais e composição de alimentos como a de Viçosa/MG.
Uma vez que sabemos qual a exigência do animal precisamos entender quais alimentos temos disponíveis e qual a quantidade de nutrientes cada alimento pode fornecer para então chegarmos ao que poderíamos chamar de déficit inicial, a partir de onde planejaríamos o uso das diversas estratégias nutricionais.
Várias tabelas de composição de alimentos estão disponíveis, como por exemplo a , utilize a que melhor lhe atender em informações e confiança para não errar nas avaliações
Alguns programas para formulação de dietas já utilizam estas bases de dados e facilitam tecnicamente a elaboração do planejamento nutricional, porém pouco tem utilidade sem o conhecimento técnico dos profissionais de nutrição animal.
Classificação dos Suplementos segundo o MAPA
O conhecimento sobre os tipos de suplementos são extremamente importantes para decidirmos quais deles estarão presentes no nosso planejamento nutricional.
O MAPA-Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é quem controla e define o regulamento técnico sobre a fixação de parâmetros e características mínimas dos suplementos destinados a bovinos
Suplemento é definido como a mistura composta por ingredientes ou aditivos, podendo conter veículo ou excipiente, que deve ser fornecida diretamente aos animais ou ser indicada para diluição, para melhorar o balanço nutricional.
Segundo sua composição, o MAPA classifica os suplementos para bovinos como:
Suplemento mineral
Quando possuir na sua composição, macro e/ou microelemento mineral, podendo apresentar, no produto final, um valor menor que 42% de equivalente protéico;
Suplemento mineral com ureia
Quando possuir na sua composição, macro e/ou microelemento mineral e, no mínimo, 42% de equivalente protéico
Suplemento mineral protéico:
Quando possuir na sua composição, macro e/ou microelemento mineral, pelo menos 20% de proteína bruta (PB) e fornecer, no mínimo, 30g de proteína bruta (PB) por 100kg de peso corporal;
Suplemento mineral protéico energético:
Quando possuir na sua composição, macro e/ou microelemento mineral, pelo menos 20% de proteína bruta, fornecer, no mínimo, 30g de proteína bruta e 100g de nutrientes digestíveis totais(NDT) por 100kg de peso corporal.
Cabe destacarmos mais dois assuntos nesse bate papo inicial, a importância da agua e o fornecimento/disponibilidade de forragens.
Fornecimento de água
Embora a água não seja uma importante fonte de minerais, praticamente todos os minerais essenciais estão presentes nela, podemos ter grandes variações na composição da agua de acordo com sua fonte e região.
Vale estar muito atento a quantidade de agua disponibilizada para os bovinos, as exigências diárias podem variar segundo a categoria animal e fatores climáticos, podemos ter animais na produção de leite com exigências de 70/80 litros por dia ou mais, mas guarde que a falta de agua na quantidade ideal diminui a ingestão de matéria seca e reduz significativamente o ganho de peso e a produção de leite.
Também devemos estar atentos a qualidade ou composição da agua, nos solos capixabas é comum encontrarmos fontes de agua salobra, com altos níveis de Na que diminuem o consumo de suplemento mineral podendo causar desequilíbrios e carências. Aqui também encontramos aguas calcárias com elevados níveis de Ca, que provocam a interferência na absorção de P e Zn.
Disponibilidade de forragem para ingestão
Quando falamos dos animais criados á pasto e de sua alimentação, é imprescindível entendermos que a quantidade de forragem disponível no pasto é o primeiro limitante para desempenho, seguido bem de perto pela qualidade desta forragem. Os suplementos com suas diferentes composições são as ferramentas que nos dão a possibilidade de aproveitar da melhor maneira estas forragens.
Um bom começo é buscarmos garantir a oferta de 2% do peso vivo do animal em matéria seca nas forragens, ou seja, disponibilizarmos quantidade de forragem natural (MN) para pastejo em torno de 10% do peso vivo no período das aguas e 4% a 6% nos períodos secos e de transição.
Suplementos minerais são um substrato rico e apaixonante para nos aprofundarmos tecnicamente, creio que teremos outras oportunidades para aprender a avaliar um suplemento mineral e sua composição, discutirmos a suplementação de bezerros via creep, de novilhas, vacas em estação de monta, semiconfinamento e confinamento, suplementação para vacas de leite e muito mais, um grande abraço e até lá.
Fonte: CRMV-ES