A importância do médico veterinário desde a produção até a venda do leite e a história do café com leite
Introdução
Quem é que resiste a um copo de café com leite, acompanhado de um pão fresquinho e manteiga ou requeijão no café da manhã? Só de lembrar o cheirinho tão característico, nos dá água na boca e nos remete a grandes momentos! A união dessas duas bebidas é uma das mais famosas e apreciadas do mundo pois, além de deliciosa, é capaz levantar o ânimo para a rotina de trabalho e/ou estudo e traz outros benefícios para nossa saúde desde que seu uso seja moderado.
Vamos conhecer um pouquinho da história desses produtos, seus benefícios, alguns efeitos desagradáveis e a importância do médico veterinário desde a produção até a venda do leite e seus derivados.
O leite
O leite é o primeiro alimento dos mamíferos, capaz de fornecer todos os nutrientes necessários ao crescimento e à manutenção da vida: vitaminas, proteínas, cálcio, fósforo, potássio…
De acordo com alguns historiadores, o consumo de leite de origem animal teve início no Oriente Médio, com a domesticação do gado, o que teria impulsionado a Revolução Neolítica. O primeiro animal domesticado foi a vaca, e em seguida a cabra, aproximadamente na mesma época, e finalmente a ovelha, entre 9000 e 8000 a.C. Os primeiros a ordenharem o animal para o consumo da bebida foram os habitantes das regiões atuais da Inglaterra e da Europa ocidental em 6 mil a.C. Habitantes da Líbia deixaram para trás diversas pinturas rupestres que mostravam a imagem de vacas sendo ordenhadas. Nos desenhos, que datam de 5 mil a.C., já apareciam até os processos de fabricação de queijos!
Por volta de 3.500 a.C., o povo egípcio utilizava a bebida com finalidades religiosas, assim como outras tribos e civilizações. A vaca era adorada e dedicada aos deuses cultuados nos templos. Sua fama era tanta que diversos filósofos e pensadores famosos, como Aristóteles e Heródoto, mencionaram o líquido em alguns de seus registros. A vaca é considerada uma dádiva divina pela civilização Védica (Índia), na mitologia hindu e pelos gregos. Os últimos possuem diversas lendas relacionadas ao líquido, sempre relacionadas a Zeus.
No Brasil, a origem do leite para consumo está relacionada à exploração do gado durante o período colonial. Mas até meados do século 19 o consumo de leite teve caráter secundário, com poucas vacas mantidas para esse fim, e a pequena disponibilidade do produto impediu que sua ingestão se tornasse um hábito. No entanto, nos anos 1930 difundiu-se no Brasil uma nova ciência, a nutrição, que introduziu também a convicção de que o leite de vaca constituía o mais importante dos alimentos básicos. A partir daí, impulsionado por profissionais da saúde, o governo de Getúlio Vargas promoveu um esforço para melhorar o até então precaríssimo sistema de abastecimento do produto no Rio de Janeiro, na época capital da República. O episódio está dissecado em um artigo do pesquisador Sören Brinkmann publicado na revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos, editada pela Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz).
O café
O café é uma bebida estimulante, saborosa e de aroma irresistível para a maioria dos habitantes do nosso planeta e, particularmente, para nós, brasileiros que carinhosamente o chamamos de cafezinho.
O café é originário da África – os etíopes ingeriam a polpa doce do fruto, do qual faziam também um suco fermentado e mastigavam ou faziam chá de suas folhas. De acordo com uma lenda registrada em manuscritos do Iêmen no ano de 575 d. C., um pastor chamado Kaldi observou que suas cabras ficavam alegres e cheias de energia depois que mastigavam os frutos amarelo-avermelhados de alguns arbustos abundantes nos campos. Os registros históricos indicam que nessa mesma época teve inicio a difusão da exploração e do consumo do café. Seu efeito estimulante ajudava monges e filósofos a se manterem acordados nas vigílias noturnas para as práticas espirituais.
O hábito de tomar café como bebida prazerosa e estimulante se popularizou a partir do desenvolvimento do processo de torrefação do café no século XIV quando a bebida adquiriu a forma e o gosto atuais aumentando o interesse pela bebida e facilitando sua globalização e a intervenção cultural em suas formas de consumo e nas técnicas de plantio.
Como o Alcorão proíbe as bebidas alcoólicas, o café passou a ser utilizado em cerimônias religiosas na Arábia e se tornou tão requisitado que deu origem a alguns relatos curiosos: Em 1475 foi criada uma lei permitindo que a esposa pedisse o divórcio caso o marido não fosse capaz de prover uma cota de café. Também em 1475 foi inaugurado em Constantinopla o Kiva Han, o primeiro Café ou cafeteria do mundo, transformando o hábito do café em um ritual de sociabilidade que se propagou mundo a fora. Em 1511, o governador de Meca, Khair Beg, teria proibido o consumo de café. O sultão, ao saber da proibição, decretou uma lei que tornava o café uma bebida sagrada e condenou o governador à morte. Em 1574, os cafés do Cairo e de Meca eram locais procurados, sobretudo, por artistas e poetas.
Até o Século XVII apenas os árabes produziam cafés. Alemães, italianos, franceses e italianos tentaram produzir o grão de várias formas, mas foram os holandeses os primeiros a conseguirem mudas da planta. Essas plantas estão guardadas até hoje no Jardim Botânico em Amsterdã. Em pouco tempo a prática de torrefação e moagem de café se espalhou pela Europa com a abertura de cafés na Inglaterra, Holanda, Alemanha, Itália. Os Holandeses levam o café para a América do Norte e são abertas as primeiras cafeterias em Nova York e na Filadélfia.
No Brasil, as primeiras mudas de café foram trazidas da Guiana Francesa por Francisco de Melo Palheta. Essas primeiras mudas foram plantadas no Pará, onde se desenvolveram bem. Mas foi no Rio de Janeiro que sua cultura se desenvolveu em maior escala na região do Vale do Paraíba e se estendeu para São Paulo que e, pouco tempo passou a ser o maior produtor nacional. Enquanto se alastrava pelo território brasileiro, o café foi criando cidades, fazendo fortunas, modificando hábitos culturais e no final do século XIX o Brasil controlava o mercado cafeeiro mundial.
Segundo os estudiosos, a cafeína proporciona agilidade de pensamento, maior capacidade de atenção, auxilia a memória, funciona como analgésico em dores de cabeça e enxaquecas e ajuda a previne algumas enfermidades como o Mal de Alzheimer, o Mal de Parkinson, a cirrose, a criação de pedras na vesícula biliar e até diabetes. Mas pode causar dependência e pode causar gastrite, dor de cabeça (pela abstinência), acelerar o batimento cardíaco, interferir na absorção de algumas vitaminas e intensificar os sintomas da labirintite.
A combinação do Café com Leite
Além de proporcionar a soma dos benefícios, ao ser combinado com o café, o leite ameniza os efeitos desagradáveis do café protegendo o estômago contra a gastrite e anulando a interação negativa do café com a vitamina D.
Para que essa combinação dê certo, o ideal é que o leite seja adicionado em proporção maior que a do café ou, pelo menos, em quantidades iguais.
O papel do veterinário
Para que a combinação do café com leite cumpra o seu papel de trazer ânimo e saúde a seus usuários, é muito importante o papel do Médico Veterinário a quem cabe o papel de acompanhar a sua produção desde o início orientando e fiscalizando os criadores e produtores de laticínios até a industrialização, passando pelo processamento da matéria prima em alimento, armazenamento, no transporte e comercialização dos produtos.
Na propriedade rural o médico veterinário é responsável pelos cuidados com as vacas leiteiras desde a gestação, nascimento e desenvolvimento. Esses animais requerem atenção especial com a alimentação, controle de doenças que podem influenciar diretamente na qualidade e produção do leite e ainda as práticas de bem-estar animal. O médico veterinário orienta o produtor rural durante todo o processo, desde a ordenha, a conservação e o transporte do leite, garantindo um leite de qualidade e livre de possíveis doenças.
Na indústria de laticínios, o papel do médico veterinário como responsável técnico (RT), é muito importante, pois através dele é feita a criação de programas de boas práticas de fabricação com o intuito de prevenir a contaminação dos produtos durante o processamento, da matéria prima ao produto final.
Além disso, a fiscalização obrigatória de todos os serviços oficiais da União, dos Estados e Municípios é responsabilidade do médico veterinário. Ele é o responsável por garantir que o leite e seus derivados sigam os padrões de higiene e sanidade em toda sua produção. Esse profissional é quem garante a saúde da população através da segurança destes alimentos.
Fonte: Roseanne dos Reis Abrante Nunes, médica veterinária e conselheira suplente do CRMV-ES