NOTA DE REPÚDIO – reportagem “Paga ou morre? O que está por trás dos altos custos dos serviços veterinários”
O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Espírito Santo (CRMV-ES) recebeu com indignação a reportagem “Paga ou morre? O que está por trás dos altos custos dos serviços veterinários”, publicada na edição de final de semana pelo Jornal Correio.
Embora tenhamos sido ouvidos no texto, a reportagem apresenta elementos que consideramos como inverídicos e que afetam diretamente toda a classe médica-veterinária ao generalizar os profissionais e induzir a sociedade ao entendimento errôneo de que o médico-veterinário, de uma maneira geral, é um profissional que mais está preocupado com o faturamento em detrimento da saúde e estado clínico dos pacientes. O texto também coloca em xeque a competência e a atuação dos médicos-veterinários ao abrir espaço para que leigos contestem as decisões clínicas tomadas por profissionais formados, experientes, competentes e atuantes.
Entendemos que faltam critérios ao cidadão comum para avaliar a competência de um profissional formado, pós graduado e expert em sua área de atuação, uma vez que a ele são levadas questões e conceitos pré concebidos, muitas vezes influenciados pela internet, onde cada um dá sua opinião e uma receita pronta, muitas vezes levam a consequências graves para a saúde animal.
O médico-veterinário para acompanhar a evolução da ciência e da medicina estuda por toda a vida com o objetivo de oferecer o melhor aos seus pacientes e às famílias dos quais fazem parte. A Medicina Veterinária avançou de forma exponencial nos últimos 10 anos e obviamente a oferta de serviços de excelência gera um custo que precisa ser pago. Os exames e equipamentos empregados na rotina clínica são compatíveis com os da Medicina Humana, muitas vezes com custos de operação maiores, pois a demanda pelo serviço é inferior.
Ademais, a escolha do profissional é de livre arbítrio dos tutores de animais e sabemos que existem profissionais competentes em toda a capital e interior do estado. Da mesma forma que na medicina humana, na Veterinária a marcha para um diagnóstico e prognóstico ao paciente envolve conhecimento, habilidades, bom senso e recursos complementares.
A formação do médico-veterinário envolve seis anos de graduação, fora o tempo de residência (2 anos) e demais pós-graduações (até seis anos). Mais de uma década de preparação, que não para nunca. A ciência a cada dia evolui e a Medicina Veterinária segue o fluxo. Ao contrário do médico humano, o médico-veterinário estuda a anatomia e patologia de várias espécies e não apenas de uma. Além de longas horas de estudos e dedicação, sua formação é cara, requer alto investimento em livros, equipamentos e treinamentos que capacite o futuro profissional para atender pacientes que não verbalizam seus sintomas e demandam uma análise clínica apurada para fechar o diagnóstico exato. Por óbvio, que exames complementares são quase sempre necessários quando estamos tratando de um ser que não fala e expressa suas dores pelo comportamento.
É importante ressaltar que a Medicina Veterinária é uma profissão liberal e como tal está sujeita a formação de mercado com seus preços e custos calculados considerando um tripé: a carga tributária federal, estadual e municipal; a qualificação técnica da equipe; e a estrutura física do estabelecimento. A tributária não há como ser reduzida, tampouco ter uma equipe sem qualificação ou uma estrutura deficitária sem equipamentos, mobiliários, utensílios e medicamentos necessários para prestar a assistência veterinária adequada.
Destaca-se também, que muitos são os profissionais médicos-veterinários que atuam de maneira beneficente, na prestação de serviços sociais e assistência à população mais carente, auxiliando em trabalhos de Organizações Não-Governamentais, condição essa que facultada à livre escolha do profissional, tendo como única exigência do Conselho Federal e Regional de Medicina Veterinária que a atuação se dê dentro da égide da ética profissional.
Também é importante frisar que os profissionais médicos-veterinários atuam sob o rigor do código de ética (Resolução CFMV nº 1138), instrumento normativo referencial para o exercício profissional no qual constam os direitos e deveres profissionais em uniformidade de comportamento, a partir de uma conduta exemplar e que todos os profissionais têm o dever de conhecer e seguir o código profissional da Medicina Veterinária para sua proteção e para a prestação de um serviço de excelência à sociedade. É exatamente para garantir a excelência desse serviço que existe o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Espírito Santo, órgão ao qual qualquer cidadão que acredite não ter recebido um atendimento adequado por um médico-veterinário ou sinta ter sido vítima de abuso praticado pelo profissional deve procurar a fim de que seja realizada a devida apuração sobre a atuação e conduta do profissional.
Por fim, o CRMV-ES ressalta que a reportagem, narrada de forma sensacionalista, em nada contribui para a proteção do bem estar animal, essência do trabalho do médico-veterinário.
Com informações do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado da Bahia (CRMV-BA)