Por que a esporotricose é questão de saúde pública?
A esporotricose é uma doença emergente causada pelo S. brasilliensis, nova espécie de fungo pertencente ao gênero Sporothrix spp. e é mais virulento e mais patogênico que os demais. Podendo acometer diversas espécies de animais, incluindo cães e gatos, também já foi descrita em equinos, bovinos, suínos, camelos e primatas. É também uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida de animais para humanos.
No Brasil, somente cinco estados não relatam a detecção do agente em seu território: Acre, Roraima, Amapá, Ceará e Mato Grosso do Sul. Já nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Bahia a doença tomou dimensões de surto/epidemia e passou a ser de notificação compulsória para humanos, apesar de ainda não ser de notificação no país. No Espírito Santo, a doença em humanos também é de notificação obrigatória desde março de 2020 (Portaria 054-R/2020).
Para os animais, a notificação ainda não é compulsória, mas os casos suspeitos devem ser comunicados aos Serviços de Vigilância de Zoonoses dos municípios (Secretaria de Saúde). Cada estado tem proposto fluxos e protocolos próprios e a notificação possibilitará a investigação epidemiológica, a implantação de medidas preventivas e de controle e o real conhecimento da dimensão da doença nos territórios.
Nos humanos, quando há caso suspeito, é preciso procurar a unidade de saúde mais próxima e relatar sobre o contato com animal suspeito, se houver. Para os animais suspeitos é fundamental orientar quanto ao isolamento, realização do diagnóstico e, se for o caso, iniciar o tratamento imediato do animal.
O CRMV-ES alerta sobre a importância de tomar as medidas preventivas ao manipular animais suspeitos. O uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), máscara, óculos, capote, luvas, e touca protege o profissional de possíveis infecções, que também podem ocorrer por meio de contato com secreções de animais doentes.
É possível realizar o controle da doença com prevenção e o manejo correto de populações animais, em especial os gatos, as principais vítimas, sendo a espécie mais vulnerável e a principal fonte de infecção da esporotricose zoonótica para outros animais e humanos.
Cuidados
Todos os profissionais de saúde (médicos, médicos-veterinários, zootecnistas, enfermeiros, agentes de saúde entre outros); tratadores de animais e população em geral devem ser informados sobre os riscos relacionados à ocorrência da doença, ao diagnóstico, tratamento e medidas preventivas, porém de forma clara e precisa para se evitar o pânico, que pode levar ao aumento no abandono e maus-tratos aos animais.
Os cadáveres de animais suspeitos que vierem a óbito devem ser encaminhados para destino adequado. Recomenda-se a incineração. Na dúvida, converse com seu Médico-Veterinário.
Os tutores devem ser orientados a manter a saúde de seus pets em dia, com vacinação espécie-específica, vermifugação e visitas periódicas ao Médico Veterinário. A castração pode ser uma medida importante no controle da doença para os felinos, pois durante o coito, o comportamento natural de morder ou arranhar pode propiciar a transmissão da esporotricose, além das brigas por disputa de fêmeas. Gatos que têm livre acesso à rua têm até três vezes mais chance de adoecer por esporotricose, por isso a importância de manter seu animal em casa.
Também é recomendada cautela e cuidado com animais desconhecidos, mesmo aparentemente sadios e amigáveis. Eles podem estar infectados e transmitir a doença acidentalmente.
Com informações da Assessoria de Comunicação do CFMV