Tatá, o tamanduá-mirim: uma luta pela sobrevivência e desafios na medicina veterinária do Espírito Santo
A história de Tatá, um tamanduá-mirim, é marcada por desafios e resiliência, que desafiou a medicina veterinária no Espírito Santo. Após ser encontrado órfão pelo Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (IPRAM-ES), Tatá foi transferido, em janeiro deste ano, para o Parque Estadual Paulo César Vinha (PEPCV), em Guarapari.
O diretor-presidente do IPRAM, Luis Felipe Mayorga, comentou: “Com o tempo, o recinto ficou aberto, e Tatá começou a explorar o ambiente, comendo cupins e voltando sempre que precisava de água ou alimentação”.Tatá rapidamente se tornou uma figura amada entre visitantes e guarda-parques, mas sua liberdade foi interrompida em 17 de julho, quando foi encontrado com ferimentos graves.
Segundo o médico veterinário Eduardo Lazaro, “Tatá chegou muito machucado devido aos ataques de cães. Ele estava com uma fratura no braço direito.”Esse incidente ressaltou a ameaça que cães errantes representam para a fauna nativa, e Lazaro enfatizou: “Esses cães causam um impacto enorme, predando espécies e transmitindo doenças.”
O procedimento cirúrgico que se seguiu foi complexo. O médico-veterinário Fabricio Paganini destacou os desafios: “A literatura científica sobre cirurgias em tamanduás-mirins é praticamente inexistente. Não encontramos nenhum trabalho que relatasse como lidar com esse tipo de fratura.”
Ele continuou: “Além disso, a fratura aconteceu em uma área delicada, o que torna a recuperação ainda mais complicada.”
Durante a cirurgia, uma técnica chamada artrodese temporária foi utilizada para estabilizar o braço de Tatá por 45 dias. Pagani detalhou: “O monitoramento e a anestesia exigiram cuidados especiais. A anatomia desses animais é muito diferente, e qualquer movimento pode agravar a situação”,pontua.
A médica veterinária e secretária-geral do CRMV-ES, Nátali Barbosa Faria, também foi fundamental no tratamento. Ela comentou sobre a importância do exame de tomografia computadorizada no tamanduá. “O objetivo da tomografia foi entender a extensão da lesão no osso dele, do tamanduá para conseguir permitir um planejamento cirúrgico mais adequado. Então o exame de tomografia através de sua aquisição e reconstrução tridimensional permitiu-a estudar toda a área de fratura para trazer então um planejamento cirúrgico melhorado e trazer o resultado mais adequado para o paciente”, ressalta
Com o passar dos dias, a equipe do IPRAM monitorou de perto a recuperação de Tatá. “Ele desenvolveu uma relação próxima com os humanos, o que pode ser um desafio para sua reintrodução à natureza. Precisamos ter cuidado para garantir que ele consiga se defender e sobreviver quando voltar ao seu habitat”,” advertiu Pagani.
A história de Tatá é um exemplo do delicado equilíbrio entre conservação e as ameaças enfrentadas pela fauna silvestre. Com os esforços contínuos da equipe do IPRAM, do PEPCV e do CRMV-ES, a esperança é que Tatá possa, em breve, retornar ao seu lar natural, vivendo livre e em segurança. A dedicação dos profissionais que cuidam dele destaca a importância de proteger a vida selvagem e garantir que animais como Tatá possam prosperar em seus habitats naturais.