Médico-Veterinário contribui para avanço científico após resgate, cuidado e reencontro de filhote de jubarte
Um filhote de baleia jubarte desafiou as probabilidades e se tornou um marco na ciência. Especialistas optarem por não seguir o protocolo padrão pela eutanásia, após a identificação de boas condições de saúde no filhote encalhado – mesmo com variados sofrimentos . Ele foi tratado, devolvido ao mar, reencontrando sua mãe.
O fato aconteceu na praia de Manguinhos, na Serra/ES, em setembro do ano passado. E contou com a participação atuante do médico-veterinário Ian Augusto Gusman Cunha, do Instituto Orca, que esteve presente no local, e se posicionou contra em sacrificar o animal.
O filhote havia sido encontrado na praia com o cordão umbilical preso ao corpo. No primeiro dia, o filhote voltou ao mar com a ajuda de banhistas, mas, na manhã do dia seguinte, a mesma jubarte encalhou novamente, desta vez entre pedras e corais, em um local muito complicado para o regaste, ela ficou bastante machucada.
Devido às dificuldades do resgate, que durou mais de seis horas, além da gravidade dos machucados, os especialistas discutiam a possibilidade de eutanasiar o filhote, que sofria devido aos ferimentos, mas estava bem de saúde.
O médico-veterinário Ian Augusto Gusman Cunha, avaliou que o animal estava bem de saúde e notou que melhorou quando uma baleia adulta próxima à borda, mexeu a barbatana, aparentemente chamando pelo filhote.
“A equipe veterinária realiza avaliação de vários parâmetros fisiológicos e clínicos, para determinar a saúde do indivíduo e se o mesmo tem chance de sobrevida”, explica.
PRESENÇA DO MÉDICO-VETERINÁRIO
Ian destacou a importância do médico veterinário escolher na hora do resgate o que definir para salvar o animal.
Dias depois, o projeto Amigos da Jubarte, da ONG O Canal, identificou o jovem cetáceo nadando ao lado da mãe nas águas da Praia de Manguinhos, no Espírito Santo.
O caso, considerado raríssimo, é uma vitória significativa para a conservação das espécies, já que, na maioria das vezes, cetáceos encalhados não sobrevivem e são encontrados mortos na costa.
MUDANÇA NO PROTOCOLO
Houve uma mudança no protocolo de desencalhe, da Rede de Desencalhes de Mamíferos do Nordeste (Remane), de 2005, que não deixava totalmente claro sobre quem deveria tomar a decisão da eutanásia.
A edição do ICMBio, lançada em janeiro deste ano, depois do desencalhe do filhote de jubarte, deixa explícito que o médico-veterinário e a equipe de campo são aqueles que devem decidir se vão ou não realizar o procedimento.
“É muito importante, pois definimos se o animal vai ter oportunidade de recuperação ou, de acordo com suas condições físicas durante o encalhe, será impossibilitada a continuidade de sua vida. É um peso muito grande, pois envolve vários fatores para a decisão final do atendimento”, explica.
O médico veterinário explicou que a mudança de protocolo vai ajudar as outras espécies de animais marinhos encalhados na costa.
“Esse protocolo foi feito para os encalhes de Mamíferos Aquáticos, para os taxons envolvidos ajuda a minimizar o sofrimento do animal”, ressalta.
ALERTA
Se o banhista ver um animal marinho encalhado na praia. O banhista deve seguir os proximos passos que ajudarão no resgate do animal.
“Não se aproximar do animal, e realizar o acionamento do órgão responsável pelo Projeto de Monitoramento de Praias (PMP). Iniciado em 2010, o Projeto visa avaliar possíveis interações entre as atividades offshore da Petrobras, de exploração e produção de petróleo e gás, nas Bacias de Campos e do Espírito Santo, com os encalhes de animais marinhos registrados nos trechos monitorados”, aconselha.
O PMP-BC/ES é uma condicionante do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para o licenciamento ambiental da Atividade de Perfuração e Completação de Poços, Produção e Escoamento de Petróleo e Gás Natural na área geográfica do Espírito Santo/ES e Atividade de Perfuração Completação na área geográfica da Bacia de Campos, onde a estatal é operadora.
“Em caso de encalhe de animais marinhos, o PMP-BC/ES pode ser acionado pelo telefone 0800-991-4800 para poder realizar o resgate do animal”, recomenda.